Polónia em Portugal

A revolução na Bielorrússia já dura mais de dois meses. Apesar das repressões, não pararam as manifestações nas ruas organizadas praticamente em todo o país. Todos os dias somos informados sobre a brutalidade dos oficiais da OMON para com os cidadãos. No domingo passado, intensificou-se a repressão contra manifestantes pacíficos e jornalistas independentes. Os membros do presidium do Conselho de Coordenação da Bielorrússia - liderado por Swiatlana Cichanouska - foram detidos ou forçados a sair do país. Há duas semanas, Alaksandr Lukashenko tomou posse como presidente do país em segredo, embora uma grande parte de países europeus não reconheça essa escolha.

- Há já dois meses os nossos compatriotas lutam com determinação pela liberdade. Todos os dias, saem às ruas manifestando o nosso compromisso nacional com a liberdade e enfrentando, com coragem, o regime brutal. A liderança desta revolução foi assumida por mulheres. Nós - aqui na Polónia - sentimos uma obrigação moral de apoiá-las. É por isso que iniciamos a nossa campanha de forma simbólica no dia em que o nosso país comemora o Dia da Mãe. Fazemos isso por todas as mães da Bielorrússia - afirma o presidente da Casa Bielorrussa, Aleś Zarembiuk.

A ação consiste no envio de postais aos maiores meios de comunicação e organizações internacionais mundiais que demostrem o heroísmo e a coragem das mulheres bielorrussas que lutam pela liberdade. Num site especial - mothersdaybelarus.pl - graças à cooperação da Casa Bielorrussa com Correios das Polónia, é possível criar os postais usando um dos modelos pré-preparados e enviá-lo a tais jornais como New York Times, The Guardian, Le Monde ou der Spiegel.

- Peço que coloquem este postal na primeira página do vosso jornal ou site, lembrando ao mundo inteiro que a Bielorrússia está a lutar. Pela liberdade, autodeterminação, democracia. Por uma vida melhor para todas as Mães da Bielorrússia - pode ler-se no verso do cartão. A frente dos postais é composto por projetos gráficos baseados nas fotos da bielorrussa Nadia Buzhan.

- O interesse público pelo que se está a passar no nosso país está gradualmente a desaparecer. Queremos que essa faísca continue a arder. O processo de transformação democrática será longo e árduo. Qualquer ação simbólica - como a da Casa Bielorrussa - pode ser muito importante a longo prazo. Pretendemos que o mundo sempre repare que a Bielorrússia está a lutar. Os postais que enviaremos aos mais importantes na formação de opinião meios de comunicação e organizações internacionais irá certamente contribuir para isso - acrescenta Volha Kavalkova, membro do presidium do Conselho de Coordenação das Forças Democráticas da Bielorrússia, que apoia a campanha.

Na opinião de Aleś Zarembiuk, os oposicionistas bielorrussos encontraram em Varsóvia não só um abrigo do regime, mas também condições seguras para a continuação da sua atividade e realizações deste tipo de iniciativas.

- Se não tivesse havido abertura por parte do governo polaco, chefiado pelo Primeiro-Ministro Morawiecki, não seríamos capazes de agir com tanta eficácia. A Polónia é, e sempre será, o lar de todos os bielorrussos que desejam a liberdade. Sentimos isso, cada dia, em Varsóvia, Wroclaw, Bialystok e todas as outras cidades polacas - diz Zarembiuk.

 

---------------------

Casa Bielorrussa é centro da vida bielorrussa existente há muitos anos na Polónia. As atividades da Fundação incluem apoio à sociedade civil e imprensa independente na Bielorrússia, bem como a análise, educação e promoção da cultura bielorussa.