Paderewski no Estoril
18.11.2022
No dia 8 de outubro de 1940 o Hotel Palácio Estoril registou a chegada de um novo hóspede: um pianista e compositor de renome mundial, um antigo Primeiro-Ministro da Polónia e um dos arquitetos da renascença do país, Ignacy Jan Paderewski.
Desde o início da Primeira Guerra Mundial Paderewski empenhava-se no que dizia respeito a futura independência da Polónia, aproveitando consequentemente da sua fama do artista para ganhar a autoridade internacional de um político. Em 1919 assumiu as funções do Primeiro-Ministro do governo polaco e, ao mesmo tempo, do Ministro dos Negócios Estrangeiros. Foi um representante plenipotenciário da Polónia durante a Conferência de Paz de Paris que resultou na assinatura do Tratado de Versalhes. O resort de Estoril, onde Paderewski passou três semanas, foi a sua última paragem na viagem para a emigração nos Estados Unidos da América. Felizmente, a obra de Paderewski não se perdeu com o início da Segunda Guerra Mundial. A reconstrução do país após 123 anos das partições foi uma conquista que a Segunda Guerra Mundial não pôde tirar.
Na sua viagem a Portugal Paderewski seguia os passos de outro polaco eminente que chegou à margem ocidental da Europa na virada dos anos 1930 e 1931. O Marechal Józef Piłsudski, após anos de serviço como um dos principais arquitetos e consolidadores da independência polaca, em dezembro de 1930 à conclusão que tinha cumprido o seu papel. Então, veio à Madeira onde passou três meses: as férias mais longas da sua vida.
A 29 de Setembro de 2011, foi solenemente descerrada uma placa comemorativa da estadia de Ignacy Jan Paderewski no Estoril. A placa gravada em três línguas foi colocada em lugar de honra no Hotel Palácio.
Curiosamente, o personagem de Paderewski aparece também num romance de 2018 intitulado "Estoril", de Dejan Tiago-Stankovic. O romance é ambientado num hotel de luxo nos arredores de Lisboa, no auge da Segunda Guerra Mundial.