Polacos – pioneiros da proteção ecológica de regiões polares
26.07.2021
Polacos – pioneiros das investigações polares, hoje em dia umas das investigações mais importantes sobre a ecologia do planeta.
Apenas 20 países têm as estações científicas que operam o ano inteiro na Antártida, o que lhes dá acesso ao maior “laboratório de natureza”, com possibilidade de realizar ambiciosos programas de investigação e de cooperação internacional. As condições climáticas extremas de Antártida, os requisitos de proteção ambiental mais rigorosos e enormes dificuldades logísticas relacionadas à manutenção das estações científicas e à realização de programas científicos fazem com que essa região se converteu também num laboratório para os ensaios de novas tecnologias. É uma das regiões mais importantes para a investigação de mudanças ambientais no planeta.
Os cientistas polacos eram pioneiros das investigações na Antártida e o seu percursor era o viajante, geofísico e geógrafo polaco Henryk Arctowski. Depois estudar na Bélgica, com apenas 26 anos, Arctowski coorganizou, em 1897, uma expedição antártica, começando assim a sua aventura polar de muitos anos. A expedição chegou num barco ao lugar previsto e foi a primeira na história que passou o inverno nos gelos de Antártico.
Precisamente com base nas investigações de Arctowski surgiram muitas novas hipóteses científicas reveladoras, entre as quais a hipótese Antarktand, ou seja, o sistema montanhoso que junta as características da estrutura geológica dos Andes na América do Sul e das montanhas na Terra de Graham na península Antártica. Foi formulada também a teoria de movimento ondulatório de ciclones e a teoria relativa às causas da localização mais profunda da plataforma continental antártica em comparação com outros blocos continentais. Nos anos seguintes Arctowski participou na investigação de Spitsbergen e tinha muitos cargos importantes nos museus de história natural e nas universidades na Bélgica, Estados Unidos e Polónia. O apelido Arctowski têm hoje, entre outros, uma península e um nunatak na Antártida, uma montanha e um glaciar em Spitsbergen e uma base antártica polaca no arquipélago das ilhas Shetland do Sul.
Há muitos anos os cientistas polacos continuam essas belas tradições, realizando amplos estudos nas regiões polares, trabalhando tanto nas estações que operam o ano inteiro como nas sazonais. Um significado especial têm duas estações de ano inteiro: a estação polar polaca Henryk Arctowski localizada no hemisfério sul e a estação polar polaca Hornsund Stanisław Siedlecki na parte sul de Spitsbergen no hemisfério norte.
A estação polar polaca Henryk Arctowski, existente desde 1977, é um organismo de investigação científica de todo o ano, dirigida pelo Instituto de Bioquímica e Biofísica da Academia Polaca de Ciências. A estação encontra-se na Ilha do Rei George, a 14 mil quilómetros da Polónia. Aí realizam-se as investigações científicas nos domínios tais como: oceanografia, geologia, glaciologia, geomorfologia, climatologia, microbiologia, botânica, ecologia, ornitologia, genética, biologia e química marítimas, cartografia, como também contínuas monitorizações ambientais. Investigam-se mudanças dos ecossistemas polares, a evolução, estrutura e dinâmica da diversidade biológica, e o impacto das mudanças climáticas observadas na região da península Antártica no funcionamento dos ecossistemas marinhos e terrestres. Os materiais e os dados recolhidos durante as investigações, de uma forma contínua, há cerca de mais de 40 anos, constituem um legado da ciência mundial.
Do ponto de vista de hoje em dia, uns dos estudos mais importantes incluem as investigações relativas às mudanças climáticas globais, a monitorização ambiental do tamanho e da condição das populações de aves oceânicas e pinípedes, que proporcionam dados importantes sobre o estado do ecossistema inteiro e a monitorização da concentração de carbono nas precipitações em todas as formas (tais como chuva ou neve) para determinar a possível entrada de poluentes provenientes de transporte atmosférico distante e local.
Segundo o Protocolo ao Tratado Antártico sobre a Proteção do Ambiente, toda a Antártida é uma reserva natural para a paz e a ciência. No entanto, é importante lembrar a situação no outro pólo do nosso planeta, ou seja, no Ártico. Apesar das preocupações com o seu ambiente único, os países da região lutam pela influencia incentivando os consórcios mineiros a realizar as buscas de petróleo e de gás. Pelo menos desde a publicação do primeiro relatório do Club de Roma em 1972, ouve-se opiniões alarmantes sobre o esgotamento dos recursos naturais do planeta. Ao intensificar-se o debate sobre a futura disponibilidade de energia no planeta, os interesses pelas áreas ainda não exploradas vão ser ainda mais fortes.
A segunda das estações polares polacas mais importantes, ou seja, a estação polar polaca Hornsund Stanisław Siedlecki no Ártico, começou a sua atividade de uma forma sazonal já em 1957, e em 1978 converteu-se numa estação de ano inteiro. A estação é dirigida pelo Instituto de Geofísica da Academia Polaca de Ciências. Os estudos aí realizados têm como objetivo um melhor conhecimento da natureza ártica e das suas mudanças, principalmente no contexto das alterações climáticas.
Pode-se constatar com satisfação que as investigações realizadas nas estações polares polacas gozam de uma merecida boa reputação e constituem uma contribuição importante do nosso país para as investigações mundiais numa área crucial para o futuro do nosso planeta.
Prof. Michał Kleiber é chefe de redação de "Wszystko Co Najważniejsze" (O Mais Importante). Catedrático da Academia de Ciências da Polónia. Presidente da Academia de Ciências da Polónia 2007-20015. Presidente do Comité da UNESCO da Polónia. Cavalheiro da Ordem da Águia Branca.
Texto publicado em simultâneo com a revista Wszystko Co Najważniejsze (O Mais Importante) no âmbito do projeto realizado com o Instituto de Memória Nacional e o Banco Nacional da Polónia (NBP)